Imunização em massa cria pressão para vírus mutantes, mais um artigo retirado da newsletter do projecto Gripenet, que recomendamos.
Os vírus Influenza são campeões da adaptação. Já tinhamos referido que, pelo facto do novo H1N1 ser bastante bem sucedido (de fácil transmissão, preponderante entre os seus “primos”, com muitos hospedeiros disponíveis), não “sentia necessidade” de sofrer mutações. Porém, com as campanhas de vacinação massivas um pouco por todo o mundo, estamos a alterar as “regras do jogo”: os hospedeiros potenciais passam a estar rapidamente imunes. E isto pode “criar uma pressão imunológica no vírus e seleccionar vírus mutantes que escapem à neutralização conferida pela vacina”.
Esta é uma tese defendida por Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular. As mutações, a surgirem, não têm que originar uma maior virulência – pode continuar baixa, como actualmente.
O virologista explica o que está em causa: “Quanto mais depressa se atingir um nível de imunidade populacional ao vírus pandémico, quer seja por vacinação ou infecção natural, maior a probabilidade de serem seleccionadas variantes mutantes que escapem à imunidade. A estratégia de sobrevivência do vírus da gripe a nível da população é conferida pela plasticidade.” Daí que “não se antecipa que uma vacinação em massa elimine o vírus da população”.
Contudo, se Simas é céptico quanto à generalização da vacinação, defende-a para grupos de riscos. E mesmo que o vírus mute para outra variante, as pessoas dos grupos de risco agora vacinadas continuam a ter algum grau de protecção – “É um fenómeno a que os anglo-saxónicos designam de antigen recycling (reciclagem antigénica)”, refere.
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